A recusa alimentar das crianças nos primeiros anos de vida é algo que preocupa muito os pais, afinal, sabemos que uma alimentação variada é aquela que proporciona uma maior quantidade de nutrientes.
Mas é importante definirmos que nem sempre que a criança
recusa um alimento é uma questão de seletividade alimentar.
A neofobia, que ocorre a partir de 1 ano de idade e tem seu
pico entre 18 a 24 meses, é uma fase comportamental típica da criança, na qual
passa a recusar alimentos que até então consumia normalmente. Os pais muitas
vezes passam a caracterizar essa fase, erroneamente, como seletividade
alimentar.
É importante ressaltar que a ajuda de um profissional nessa
fase é importante, pois uma má condução da neofobia pode levar ao
desenvolvimento da seletividade alimentar.
A seletividade alimentar, por sua vez, é uma condição na
qual a criança aceita apenas determinados alimentos e pode ser classificada em leve,
altamente seletiva, derivada de doença orgânica, ou fobia alimentar.
Criança com Seletividade Leve – Se classifica como criança
com seletividade leve a criança que consome uma variedade menor de alimentos do
que crianças da mesma idade, mas apresenta crescimento e desenvolvimento normal
para a idade.
Criança altamente Seletiva – A criança altamente seletiva
consome uma variedade muito pequena de alimentos, que geralmente está ligada à
uma condição sensorial específica. Por exemplo, crianças que só aceitam
alimentos da mesma cor, ou textura. Nesse grupo de crianças a deficiência de
nutrientes é muito comum. Essas crianças
também possuem uma questão sensorial muito apurada, sendo sensíveis à ruídos ou
texturas que lembrem a sensação de sujeira, como massinha de modelar, terra,
areia, tintas, dentre outros.
Seletividade derivada de doença orgânica – Algumas crianças
apresentam uma seletividade alimentar derivada de doenças orgânicas, mais
comumente as que afetam o desenvolvimento neuromotor. A maior dificuldade nesses
casos é com relação à textura dos alimentos, principalmente texturas sólidas e
a possibilidade de engasgos acaba sendo maior.
Criança com Fobia Alimentar – A fobia alimentar é uma reação
muito negativa com o alimento em que a criança realmente sendo medo de comer.
Existem 3 razões para essa fobia, descritas na literatura.
A primeira causa é relacionada a eventos traumáticos, como
asfixia ou engasgo com alimentos ou até mesmo por reações violentas do
cuidadores frente à recusa alimentar (como o famoso chinelo na mesa).
Outra causa apontada é quando a criança apresenta uma reação
dolorosa ao se alimentar, por exemplo quando está com esofagite, aftas, ou até
mesmo alergia alimentar. A criança relaciona o ato de comer com a dor e
desconforto provocados pela condição patológica.
Por fim, outra razão da fobia alimentar é o uso de sondas
naso ou gastro enterais, que conferem à criança o medo de qualquer objeto ou
alimento que se aproxima da boca.
Para todos os casos, a terapia alimentar é uma ferramenta
muito importante para contornar os obstáculos com a alimentação, introduzindo,
gradativamente, novos alimentos de diferentes texturas, cores e sabores na
rotina alimentar da criança!
Fonte: Guia de orientações - Dificuldades alimentares/
Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. São
Paulo: SBP, 2022

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